Sendo professora, com muito orgulho, por muitas vezes nos cursos de capacitação que ministrei para professores, repeti uma história semelhante a essa: Se uma pessoa dormisse há 100 anos e depois acordasse agora, ficaria assombrada com as mudanças que encontraria no mundo. A televisão com imagens em cores; o telefone celular, permitindo a comunição em qualquer lugar; os computadores, cada vez menores e mais móveis, globalizando as informações, formando redes sociais e democratizando o conhecimento. Porém, se entrasse numa sala de aula encontraria pouca diferença. Os alunos sentados um atrás do outro, com a professora à frente, diante do quadro negro, com um giz à mão. A tecnologia, por mais esforços que tenham sido feitos, pouco interferiu na prática pedagógica.
Foram muitos os programas implantados nesses ultimos anos. O Ministério da Educação (MEC) distribuiu kits tecnológicos para todas as escolas brasileiras. Foram televisores, DVD's e antenas parabólicas que, na maioria das vezes, em pouco tempo estavam sucateadas pelo mau uso ou pela inexistência de manutenção. Depois foi a distribuição macissa de computadores para a modernização administrativa, os laboratórios de informática, um computador para cada professor, um computador por aluno, acesso à banda larga. Porém, por mais esforços que venham sendo empreendidos no decorrer do tempo para trazer a tecnologia para dentro da escola, pouco se avançou no que se refere às mudanças reais do fazer pedagógico. A escola está muito longe do que realmente interessa às crianças e jovens do mundo de hoje. Há um grande descompasso entre o que se ensina na escola e o avanço tecnológico. Essa dicotomia entre o que se faz e aprende na escola com o que se vive fora dela vem trazendo sérias consequências como indisciplina, violência, bullying e outros males.
Pesquisas apontam que dos jovens que acessam a Internet, 60% o fazem nas lan houses e o restante, na maioria, nas suas próprias casas. O numéro de jovens que acessam a internet nas escolas é insignificante.
As causas são muitas, mas destaco como principais o pouco acesso da população em geral e também dos professores à informática, ao conhecimento globalizado e o despreparo dos professores para o uso das tecnologias na prática pedagógica.
A minha participação no Fórum de Ciências, Tecnologias e Inovaçoes do Tocantins, que teve como objetivo propor ações para o desenvolvimento do nosso Estado, teve como foco o que aprendi com o Governador Siqueira Campos no período em que fui Secretária da Educação: "Temos que preparar nossos alunos para serem cidadãos do mundo", dizia ele.
Com as experiências que adquiri nos últimos anos como prefeita da capital, Palmas, e também como Deputada Federal integrante das Comissoes de Educação e Cultura e Ciência e Tecnologia, percebi, com toda clareza, que a nossa obrigação como políticos e educadores é promover ações para que os nossos jovens sejam netcidadãos e se capacitem para terem sucesso nesse mundo on-line em que vivemos hoje.
Foi nesse sentido que apresentei algumas propostas durante o Fórum. Entendendo ser necessárias açoes estratégicas de base, para que se efetue mudanças que realmente promovam a verdadeira inclusão digital e transformem a escola em pólo de conhecimento, onde os alunos tenham prazer de estar e busquem cada vez mais adquirir novas habillidades para serem produtivos e felizes.
Entre minhas propostas está o acesso à informàtica e ao conhecimento, sendo necessário ampliar significativamente o acesso à internet e às novas tecnologias. Criar centros de inclusão digital públicos, em locais diversos, como nas escolas e em prédios governamentais. Estabelecer parcerias com entidades públicas e privadas, de modo a garantir mais oportunidades de acesso ao mundo virtual. Criar também ambientes virtuais que permitam aos cidadãos participarem pró- ativamente da vida do Estado, tornando-os netcidadãos do Tocantins, compartilhando do momento de desenvolvimento em que estamos vivendo, adquirindo novas habilidades e ampliando seus horizontes. As escolas, os professores e os alunos têm que estar totalmente integrados a esse processo para que seja garantida a transformação da escola e, dessa forma, da sociedade.
No que se refere ao ensino, o investimento primordial tem que ser no professor. Claro que será necessario fazer o levantamento da quantidade e das condiçoes dos equipamentos hoje disponíveis no sistema educacional para que se tenha uma rede física suficiente para o desenvolvimento das açoes. Porém, é a preparação dos professores para o uso dos equipamentos e das tecnologias na educação que vai fazer a diferença. Visando, ainda, melhorar a atuação do professor em sala de aula, poderão ser oferecidos também cursos de atualização para cada área do conhecimento, através da modalidade da educação a distância (EAD).
Uma outra ação importante para elevar o desempenho dos professores e valorizar a profissão é conceder incentivos para aumentar o nível de escolaridade dos docentes. Da mesma forma que no passado recente, o Tocantins foi exemplo em habilitar seus professores no nível superior, agora cursos de pós-graduação, mestrado e doutorado poderão ser oportunizados aos professores das redes de ensino.
Mas, além de tudo que já foi colocado, há ainda uma ação que poderá trazer um grande diferencial para o salto na qualidade da educação no Tocantins. É a criação de comunidades virtuais de professores para a troca de experiêcias e aquisição de novos conhecimentos.
Acreditamos que com a implantação desssas açoes, agregadas às que já estão em execução e às que estão nos planejamentos, hávera uma grande mudança nos processos pedagógicos e na prática de ensino no Tocantins, tornando-o referência em Educação para os demais Estados brasileiros.