Ronald de Carvalho, Jornalista - Instituto Alvaro Valle
O Real está completando 18 anos. E sua criação teve como uma das fontes inspiradoras, segundo um dos assessores mais próximos do então presidente Itamar Franco, um processo que conteve a hiperinflação alemã, considerada uma das maiores do século passado: a criação de uma moeda chamada do Rentenmark.
Durante a segunda metade do século 20, o Brasil era o país com a maior inflação em todo o mundo. Era preciso conter a sangria que os vários planos não haviam conseguido. Os assessores lembra que foi quando o plano alemão, de 1923, foi lembrado e serviu de modelo para a criação do Plano Real.
Em resumo o plano tinha sido fruto, mais do que estudos econômicos, da vontade política dos líderes da época. No dia 12 de novembro de 1923, o ministro alemão de finanças, Hans Luther, havia nomeado o banqueiro Hlalmar Schacht "secretário da moeda do Reich". Coube a Schacht programar medidas para conter o processo hiperinflacionário. Para tanto, foi criada uma nova moeda, denominada Rentenmark, que acabou com o processo inflacionário, através da aplicação de uma reforma monetária idexatória.
A política monetária liderada por Hjalmar Schacht, dirigindo o Banco Central, juntamente com a política fiscal do chanceler alemão, Gustav Stresemann e ministro das Finanças Hans Lutero trouxe a inflação na Alemanha ao fim.
"Hoje o PSDB credita ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso as glórias da criação do real - continuou o assessor. Ele teve uma participação muito importante no processo. Mas a vontade e a determinação política foram do presidente, que na juventude tinha sido professor de matemática e, uma vez que o processo alemão lhe foi detalhado por FHC, vislumbrou a possibilidade de criação de um mecanismo similar e determinou que fosse feito o Plano Real ".
Em resumo o plano alemão tinha sido fruto, mais do que estudos econômicos, da vontade política dos líderes da época. No dia 12 de novembro de 1923, o ministro alemão de finanças, Hans Luther, havia nomeado o banqueiro Hlalmar Schacht "secretário da moeda do Reich".
A política monetária liderada por Hjalmar Schacht, dirigindo o Banco Central, juntamente com a política fiscal da chanceler alemã, Gustav Stresemann e ministro das Finanças Hans Lutero trouxe a inflação na Alemanha ao fim.
.
Assim, por determinação do presidente, em 19 de maio de 1993, Fernando Henrique Cardoso deixou o cargo de Chanceler e foi nomeado para o cargo de Ministro da Fadazenda, assumindo perante o país o compromisso de acabar com a inflação, ou pelo menos reduzí-la. Para tanto, o novo ministro reuniu um grupo de economistas para elaborar um plano de combate a inflação, como Persio Arida, André Lara Resende, Gustavo Franco, Pedro Malan, Edmar Bacha, Clóvis Carvalho e Winston Fritsch.
"Gustavo Franco, que vinha de um doutorado nos Estados Unidos, tinha as apostilas do processo alemão - continuou o assessor. O que foi de grande valia para a implementação do real".
A inflação que antes consumia o poder aquisitivo da população brasileira, impedindo que as pessoas permanecessem com o dinheiro por muito tempo, principalmente entre o banco e o supermercado, estava agora controlada. O efeito imediato, e mais notável do Plano Real, foi a aposentadoria da máquina-símbolo da inflação, a "remarcadora de preços do supermercado" presente no comércio. O consumidor de baixa renda foi o principal beneficiado.
Durante muitos anos a correção monetária foi uma salvaguarda que permitia aos brasileiros que tinham maior poder aquisitivo defender-se parcialmente da corrosão do valor real da moeda, com aplicações bancárias de rendimento diário. A grande maioria da população, entretanto, não tinha acesso a esses mecanismos e sofria com a desvalorização diária dos recursos recebidos como salário, aposentadoria ou pensão, sendo os maiores prejudicados com a alta inflação.
Não por acaso, após a implantação do novo plano a taxa de consumo de itens antes "elitizados" como o iogurtee explodiu nas classes C e D da população.
No lançamento do Plano Real, que substituiu o cruzeiro novo, moeda corrente no país, o jornalista Joelmir Betting resumiu assim a medida:
Aqui jaz a moeda que acumulou, de julho de 1965 a junho de 1994, uma inflação de 1,1 quatrilhão por cento. Sim, inflação de 16 dígitos, em três décadas. Ou precisamente, um IGP-DI de 1.142.332.741.811.850%. Dá para decorar? Perdemos a noção disso porque realizamos quatro reformas monetárias no período e em cada uma delas deletamos três dígitos da moeda nacional. Um descarte de 12 dígitos no período. Caso único no mundo, desde a hiperinflação alemã dos anos 1920.