Ronald de Carvalho, Jornalista - Instituto Alvaro Valle
O jornal "The New York Times" informou que os Estados Unidos e o Irã firmaram um acordo que possibilitará a Agência de Energia Nuclear, organismo ligado à ONU, realizar uma fiscalização no seu programa nuclear. A notícia diz ainda que uma fonte do governo iraniano informou que as negociações deverão ocorrer após as eleições presidenciais de 6 de novembro.
Mas o porta-voz do Conselho Nacional de Segurança, Tommy Vietor, negou o entendimento, informando que o governo continua "procurando uma solução diplomática". Sobre a declaração, alguns analistas lembram que os oficiais da Marinha dos EUA gostam de chamar os porta-aviões da classe "Nimitz", operando no Golfo Pérsico, de "90.000 toneladas de diplomacia".
Por outro, a Marinha Iraniana é a menor das Forças Armadas do país e seu poder naval é suficiente apenas para a proteção costeira e dos seus portos. . De qualquer forma, possui capacidade para interromper o transporte de óleo pelo Estreito de Hormuz, afetando a economia mundial.
E em meio a uma escalada na tensão entre Washington e Teerã, o Irã tem ameaçado interromper o fluxo de navios pelo estreito, por onde passa um elevado porcentual da produção de petróleo do Golfo Pérsico. Mas caso o Ocidente deixe de adquirir petróleo de um dos mais importantes exportadores da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), o Irã ainda teria muitos mercados compradores como China e Índia o que daria a Teerã força econômica para resistir aos Estados Unidos e seus aliados. Mas preocupações de que as tensões no Golfo poderiam prejudicar o fornecimento de petróleo, elevariam o preço do barril para acima de US$ 101 promovendo mais pressão à moeda iraniana, o rial, em recorde de baixa com relação ao dólar.
Mesmo assim o vice-almirante Mark Fox, comandante da Marinha dos Estados Unidos no Golfo Pérsico, declarou no Bahrein que a capacidade militar do Irã é levada a sério, mas as que as forças norte-americanas estão preparadas para "confrontar qualquer agressão iraniana" na região, principalmente com o fechamento de Ormuz.
Mas enquanto as ações se concentram numa guerra de informações e desmentidos, as Forças Aéreas de Israel e dos Estados Unidos começaram em segredo, a maior manobra militar realizada até hoje, em uma operação que simula a defesa do espaço aéreo israelense em caso de uma guerra com outros países do Oriente Médio.
Segundo o jornal "Israel Hayom", serão simulados em três semanas "todos os tipos de cenários nos quais Israel é atacada com mísseis". Ao todo, 3.500 americanos e mil israelenses participam da operação. Em comunicado, o exército israelense explicou que este "é o décimo de uma série de exercícios deste tipo" e que as manobras "fazem parte de um calendário planificado de antemão para aumentar a cooperação entre ambas as forças".A nota disse ainda que os exercícios "não são de modo algum uma resposta a eventos específicos da região".
Segundo um relatório, redigido por David Rothkopf,ex-perito em relações internacionais do Governo Klinton, citando uma "fonte confidencial", os EUA e Israel estudam a possibilidade dum "golpe de ponto" conjunto às instalações nucleares do Irã, nas negociações entre os EUA e Israel. A manobra seria a variante militar mais provável e mais segura de ações contra o Irã. Uma operação dessas ocuparia várias horas e seria executada por bombardeiros com apoio de "drones". O ataque poderia ser levado a cabo no âmbito duma operação americano-israelense conjunta, ou apenas pelas forças estadunidenses. O relatório frisa, sobretudo que Israel, sozinho, não será capaz de assestar tal golpe.