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Alvaro Valle
Alvaro Bastos Valle

Patrono
INTERNET, BOA OU MÁ INFLÊNCIA?
   
Uma recente pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) diz que hoje no Brasil, de cada quatro famílias, três estão conectadas com a Internet.No mundo existe hoje uma preocupação para saber de que modo a Internet está influenciando as crianças e os jovens. E esta preocupação vai dos protestos da Primavera Árabe, que levou às ruas milhares de jovens, convocados pela rede e que ajudaram a derrubar ditaduras como na Líbia e no Egito. Até a utilização dos computadores nas escolas, onde os jovens aprendem muito cedo como lidar com as máquinas, utilizando-as não só para jogos e pesquisas, mas acessando redes de aparência inocentes, que camuflam a pedofilia e a prostituição infantil.

Na pesquisa do IBGE, 46,5% da população acima de dez anos declarou já ter usado pelo menos uma vez a Internet em casa, na escola ou no trabalho. Esta realidade vem preocupando os pais, educadores a autoridades, que indagam: a Internet é uma boa ou má influência, principalmente para as crianças e os jovens? A pesquisadora do Centro de Convivência da UFSC, Elaine Rose da Silva, em um trabalho intitulado "Infância e novas mídias", diz que, "com o avanço tecnológico torna-se quase impossível falarmos da infância hoje em dia sem a associarmos a jogos eletrônicos, Internet, DVDs, aparelhos celulares e brinquedos com controle remoto."

O trabalho faz uma avaliação dos reflexos, destacando que as novas tecnologias e as novas mídias ajudam a formar crianças, acostumadas a lidar com as maravilhas do mundo digital cada vez mais cedo. Tal adaptação leva a um questionamento sobre qual caminho será seguido pelas novas gerações: serão adultos "descolados" que saberão lidar com todas as tecnologias e mais informados ou serão crianças que perderam o interesse pelas brincadeiras simples e amadureceram antes do tempo perdendo a essência da infância que é imaginar?

A pesquisadora diz que é fundamental saber extrair coisas positivas deste impacto que, segundo outros especialistas, quando não utilizados de maneira correta, podem acarretar sérios prejuízos para as crianças e os adolescentes que crescem de forma cada vez mais precoce. Para muitos o tempo das brincadeiras inocentes na rua e dos desenhos animados na TV de casa parece ter ficado num passado distante da atualidade. Essa realidade não só influencia a formação intelectual, social como também a formação sexual dos jovens. Para o psicólogo especialista em sexologia, Carlos Boechat Filho, "o afrouxamento dos valores sexuais e a influência da mídia são os principais responsáveis por um adiantamento na vida sexual dos adolescentes". O psicólogo destaca que, quanto mais tempo em frente à TV ou ao computador, navegando pela Internet, maior será a facilidade de acesso a conteúdos eróticos e inapropriados para menores. E acrescenta: "Neste caso torna-se de extrema importância o acompanhamento dos pais que devem impor limites ao mesmo tempo em que evitem reprimir a busca por certas informações."

O trabalho destaca que a formação intelectual pode ser prejudicada se o hábito de pesquisar tudo o que for proposto em sala de aula seja feito através da Internet. O costume de pesquisar em livros, revistas, jornais e bibliotecas se extingue cada vez mais cedo. Até mesmo os trabalhos escritos são feitos em editores de textos que corrigem automaticamente a gramática, impedindo que os alunos aprendam com seus próprios erros. E esse modo de pesquisa não afeta somente os jovens com mais idade, pois é comum vermos crianças menores utilizando, cada vez mais cedo, os computadores, sejam eles domésticos ou das chamadas.

A formação social também é afetada devido ao maior tempo de reclusão ao qual o jovem e a criança se submetem em suas casas enquanto permanecem horas em frente ao computador. As amizades, em sua maioria, são feitas através de redes sociais e canais de comunicação como MSN e Orkut. E a pesquisadora conclui: "Com o tempo as crianças e os jovens perdem o contato com as outras e a troca de experiências pessoais passa a ocorrer de forma virtual, sendo que na maioria das vezes, estas pessoas jamais chegarão a se conhecer de forma concreta."

Mas para o professor David Buckingham, Diretor do Centro de Estudos da Infância, Juventude e Comunicação da Universidade de Londres (e especialista na relação entre comunicação e infância e adolescência) "educar não significa apenas que os professores devam falar e os alunos escutarem. Significa também encorajar a participação das crianças na produção de mídias. Proteger as crianças da influência negativa das mídias está ultrapassado. As crianças precisam ser estimuladas por educadores preparados a lidar com as novas mídias e criar as suas."



   
 
 
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