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Alvaro Valle
Alvaro Bastos Valle

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RELATÓRIO SOBRE COLISÕES COM A TERRA
   
O Escritório da ONU para o Espaço Exterior (Unoosa) divulgou pela primeira vez um trabalho visando a formulação de um plano de coordenação internacional para detectar asteroides potencialmente perigosos e em caso de risco de colisão com a Terra, quando seria montada uma missão espacial com capacidade para desviar sua trajetória. O relatório de 15 páginas, intitulado "Recomendações da Equipe de Ação sobre Objetos Próximos à Terra para uma Resposta Internacional à Ameaça de um Impacto", foi elaborado por um grupo de trabalho criado em 2007, em Viena. A queda de um meteorito de pelo menos 50 metros e várias toneladas na região de Tcheliabinsk, nos montes Urais, na Rússia, reacendeu velhas crenças de um cataclismo como a queda de um meteoro de dez quilômetros de diâmetro, há 65,5 milhões de anos, sobre a península mexicana de Iucatã e que pôs fim à era dos dinossauros extinguindo quase 70% das espécies. Segundo um especialista da Agência EspacialEuropeia , "isto é algo que poderia voltar a ocorrer".

Segundo o diretor do grupo de trabalho, que redigiu o documento, o mexicano Sergio Camacho, atualmente são conhecidos cerca de 20 mil asteroides próximos à Terra, dos quais aproximadamente 300 são potencialmente perigosos. Mas até 2020 o analista prevê que serão detectados até meio milhão de asteroides próximos ao nosso planeta, graças à melhora da tecnologia de localização. "São objetos que estão aí, mas não sabemos onde estão", destacou Camacho. Segundo o relatório, "o risco de que um asteroide se choque contra a Terra é extremamente pequeno, mas dependendo de seu tamanho e do local do impacto, as consequências podem ser catastróficas". No caso do asteroide DA14, de cerca de 40 metros de diâmetro e que passou muito perto de nosso planeta, "se impactasse em Londres, por exemplo, provavelmente destruiria toda sua região metropolitana", continua o analista.

Na Rússia as autoridades defendem a criação de um sistema conjunto de combate a asteroides. Alexei Pushkov, chefe do Comitê de Assuntos Exteriores do Parlamento russo, é de opinião de que "'em vez de lutar na Terra, as pessoas deveriam criar um sistema conjunto de defesa dos perigos do espaço sideral". A opinião é compartilhada pelo presidente, Vladimir Putin, que convocou os Estados Unidos a se unir ao país e à China para criar um sistema de defesa contra colisão da Terra com asteroides.

"Ao contrário do que ocorre com os terremotos, os furacões e outros perigos naturais, em relação aos asteroides podemos fazer algo, sobretudo se os encontramos com muita antecipação", sustenta o relatório da ONU. Assim, o documento considera "prudente e necessário estabelecer critérios e planos de ação para não perder tempo em debates prolongados, dado que uma missão espacial para desviar um asteroide, requer de muito tempo e o disponível antes do impacto previsto pode ser pouco".

E recomenda "estabelecer uma rede internacional para detectar os asteroides com um rumo de colisão com a Terra o mais rápido possível e fixar claros procedimentos de atuação". O relatório destaca que já existem os recursos financeiros para esta rede, mas que se requer de "um centro de troca de informações reconhecido internacionalmente". Além disso, recomenda aos Estados com organismos espaciais "criar um grupo assessor para o planejamento de missões espaciais", que receberia o apoio da ONU em nome da comunidade internacional. O grupo estaria encarregado de estudar fórmulas para a defesa do planeta com uma capacidade de desvio eficaz.

O documento não menciona nenhum projeto concreto, como a Missão Don Quixote, um plano desenvolvido por empresas espanholas e selecionado pela Agência Espacial Europeia (ESA), que propõe o envio de duas sondas, uma para impactar contra o asteroide e outra para calcular se conseguiu desviar a trajetória. Mas Camacho é de opinião que uma possível missão de bloqueio dependeria do tamanho, da velocidade e da proximidade do objeto espacial. No caso de que o corpo espacial seja descoberto a tempo se lhe poderia acoplar um satélite artificial, que variaria pouco a pouco seu rumo, enquanto outra modalidade seria que um veículo espacial impactasse contra o asteroide.

"E se não houver tempo, deveria se utilizar algum tipo de dispositivo nuclear que explodisse próximo do asteroide para desviar ou desacelerar sua trajetória, mas sem fragmentá-lo" sugere o relatório. Camacho considera que o custo econômico de desenvolver o plano de ação não deveria constituir um problema. E explica: "Se for comparar o prejuízo que o impacto de um asteroide em uma zona urbana pode causar com o custo de um lançamento (espacial), não é nada". O documento ainda pode sofrer alterações antes de ser analisado por uma subcomissão científica em Viena, e em junho, pela Comissão da ONU sobre a Utilização do Espaço Ultraterrestre com Fins Pacíficos. Então será submetido à votação, em outubro, na Assembleia Geral das Nações Unidas, segundo detalha o especialista mexicano, que acredita que o documento não sofrerá grandes alterações.



   
 
 
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