Ronald de Carvalho, Jornalista - Instituto Alvaro Valle
Aumenta a tensão na península coreana. Os dois maiores jornais japoneses, YomiuriShimbun e HochiShimbun, alertam para o perigo que a escalada bélica da Coréia do Norte, que explodiu sua terceira bomba nuclear em menos de um mês, representa para o nordeste da Ásia e o Ocidente. Em ambos os casos, segundo os jornais, um foguete de longo alcance e que pode chegar a Nova Iorque e Washington, transportando uma pequena bomba nuclear, está em fase de finalização em Pyongyang.
E o Japão tem razão em estar preocupado, porque, por diversas vezes e mais recentemente tem sido citado, junto com a Coréia do Sul, como alvo preferencial de um ataque nuclear. Seu novo primeiro-ministro, Shinzo Abe em recente entrevista disse que o governo japonês vai participar de uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para discutir como lidar com a situação. Abe ordenou ainda aos ministros para trabalhar em estreita colaboração com EUA, China, Coreia do Sul e Rússia.
O poderio militar da Coreia do Norte é superior à Coreia do Sul, segundo um analista, alertando que o Norte levaria vantagem nos primeiros dias de uma eventual guerra. Já o Instituto de Pesquisas Econômicas da Coreia, com sede em Seul, disse em recente relatório que a Coreia do Norte contou em 2011 com um Exército com 1,02 milhão de soldados e um número recorde de tanques, navios e defesas antiaéreas. Seu contingente militar total é de 1,2 milhão de soldados.
"A deprimente realidade é que não seria inteiramente errado dizer que o poderio militar da Coreia do Norte é mais forte", disse o instituto. "Devemos lembrar que o Norte é bem superior em termos de número de soldados e, especialmente, que os militares do Norte estão estruturados em sua formação e mobilização com o propósito de uma guerra ofensiva."
A Coreia do Sul tem um Exército com quase 700 mil soldados, apoiados por 28 mil militares americanos estacionados no país. Mas analistas dizem que, apesar da sua expressiva superioridade numérica, o Norte não teria chances em um conflito, porque seu equipamento é muito inferior. O poderio aéreo americano e sul-coreano já bastaria para reverter em poucos dias a vantagem inicial coreana em um eventual conflito. Os especialistas dizem também que a maior parte do equipamento aéreo e naval do Norte é obsoleto e que a escassez de combustível no país dificultaria a manutenção de uma operação militar prolongada. Enquanto isso o Ministério sul-coreano da Defesa anunciou que está em andamento um plano operacional conjunto com os EUA contra uma eventual agressão e que os dois países realizarão exercícios militares mais frequentes.
A situação se torna mais complicada na medida em que China, aliada da Coreia do Norte, duvida cada vez mais de sua própria influência sobre Pyongyan e se mostra disposta até a aceitar a reunificação da península coreana se o regime do Norte entrar em colapso. As revelações, não oficiais, estão na série de documentos diplomáticos secretos dos Estados Unidos divulgados pelo site WikiLeaks. Os papéis revelam, por exemplo, que, durante um jantar em 2009, o embaixador chinês no Cazaquistão admitiu a um diplomata americano que Pequim considera o programa nuclear da Coreia do Norte "uma ameaça à segurança de todo o mundo".