HomeBiblioteca/LivrosDoutrinaVídeo AulasMemória Digital
Alvaro Valle
Alvaro Bastos Valle

Patrono
CHINA E A CIBER-ESPIONAGEM
   
Uma matéria publicada com destaque no"The New York Times" divulga trechos de um relatório da Mandiant, empresa especializada na identificação e prevenção de esquemas complexos de hacking, que teria localizado uma unidade sediada em Xangai como sendo responsável por centenas de ataques de hackers, nos últimos anos, contra os Estados Unidos. Segundo a mesma fonte, uma unidade secreta do Exército Popular de Libertação da China é um dos "mais prolíficos grupos de ciber-espionagem" internacional, e que, para identificar a sede dos hackers, seguiu o rasto de centenas de ataques informáticos até a um anonimo edifício de doze andares, em Xangai. O Governo chinês nega as acusações, dizendo que tem sido vítima de espionagem cibernética comandada pelos Estados Unidos.

A Mandiant diz que, durante seis anos, a unidade chinesa roubou "centenas de terabytes de informação de pelo menos 141 organizações em 20 países, a grande maioria sediada nos EUA, mas também no Reino Unido e Canadá. A informação foi pirateada, através de infiltrações que se prolongaram durante meses, visando desde planos de negócios e aquisições, a emails de dirigentes das empresas".

"É tempo de a China assumir que a ameaça tem origem em seu território", destaca o documento que diz ter seguido centenas de casos desde 2004. A empresa, que habitualmente não divulga os seus relatórios nem identifica os visados nas investigações, diz estar convicta de que "os grupos que promovem estas atividades estão sediados, sobretudo, na China e que o Governo chinês os conhece". A denúncia foi feita um mês depois de o jornal ter noticiado que os seus sistemas de informática foram atacados durante meses, após a publicação de um artigo sobre a fortuna do ex-primeiro-ministro Wen Jiabao.

No relatório há uma sigla APT1, descrita como "uma das mais persistentes fontes de ameaça cibernética da China". Trata-se de "uma única organização, responsável por uma campanha de espionagem contra um vasto leque de vítimas desde 2006", acrescentam os peritos norte-americanos, sublinhando que só seria possível montar uma operação tão abrangente e durante tanto tempo "porque os hackers recebem apoio direto do Governo de Pequim".

Seguindo o rasto das suas operações, a Mandiant acrescenta que, por trás da sigla, "se esconde a unidade secreta 61398, um braço do Exército Popular de Libertação da China, sediado num edifício de doze andares num bairro residencial Xangai, o principal polo econômico e financeiro da China". Uma jornalista da Reuters que esteve no local confirmou que, por trás de muros decorados com fotografias e slogans do Exército, se situa uma zona de acesso restrito militar.

A unidade - cuja existência foi confirmada ao New York Times por fontes dos serviços secretos norte-americanos, é integrada "talvez por milhares de pessoas fluentes em inglês e sistemas avançados de programação informática e gestão de redes".

Em contrapartida às acusações, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês reafirmou que a pirataria informática é ilegal na China e pôs em dúvida as supostas provas contidas no relatório. "Críticas arbitrárias baseadas em informações rudimentares são irresponsáveis e pouco profissionais e não nos ajudam a resolver o assunto", afirmou o porta-voz da diplomacia, Hong Lei, lembrando que um recente estudo chinês identificou os EUA como autores de vários ataques informáticos contra seu país. Entretanto, não só os Estados Unidos, como também Alemanha, Inglaterra, França, Itália e Canadá dizem ter elementos para acusar a China de estar praticando em larga escala a pirataria informática.



   
 
 
© - 2009 www.fundacaoalvarovalle.org.br - Todos os direitos reservados
Tel.: - (61) 32029922