Ronald de Carvalho, Jornalista - Instituto Alvaro Valle
O último teste militar realizado pelo Coréia do Norte, com a terceira explosão de um artefato nuclear que poderia ser transportado por um míssil intercontinental lançado de um submarino ou um avião, deixou o ocidente em estado de apreensão, principalmente pelas ligações que o país mantem com grupos terroristas internacionais, o que levou o ex-presidente Bush a inclui-lo no "eixo do mal". Subiu rapidamente o nível de tensão nos países do Leste asiático, principalmente do Japão e Coréia do Sul, considerados como "vizinhos odiados" pela ditadura que governa o país.
O analista internacional Renato Murta de Vasconcelos, formado em Londres e professor da Universidade do Porto e PhD em Transferência de Tecnologia, em recente artigo, alerta para o fato de que "aumentou muito a intranquilidade que paira sobre o mundo, ao se constatar a transformação da Coréia do Norte num bazar de armas nucleares, à disposição de grupos terroristas internacionais". O jornalista americano William Langewiesche,analisa a questão no seu livro "O Bazar Atômico" diz que "as grandes potências hoje estão encalacradas com os arsenais nucleares que não podem usar". O perigo, alerta ele, é que esses artefatos se tornaram "a arma dos pobres". Esse é o ponto de partida da inquietante investigação do jornalista.
Em seu olhar sobre os bazares atômicos do mundo, o autor analisa a escalada atômica do Paquistão. E destaca: "Ali vamos conhecer Abdul Qader Khan, o ousado e sinistro cientista que, depois de anos de trabalho na Holanda, regressou a seu país na década de 1970 com planos e projetos roubados embaixo do braço, e a determinação de dar à sua pátria um arsenal nuclear, o que, afinal, acabou conseguindo".
E Langewiesche continua: "Khan pode ser considerado o maior proliferador nuclear de todos os tempos. Suas digitais são encontradas, de forma direta ou indireta, em diferentes esforços de dominar a bomba atômica na Coréia do Norte, na Líbia e no Iraque. Para não falar do Irã, cliente tradicional do Paquistão, que mantém conversas e negócios com Khan há mais de vinte anos com o pleno conhecimento da CIA e a complacência do governo americano" Num mundo em que os negócios falam mais alto que os esforços diplomáticos, Langewiesche apresenta uma visão realista da ameaça que essas novas potências nucleares representam .
Desde o final dos anos de 1960, nações assinam acordos para controlar arsenais nucleares do planeta. Atualmente, Rússia, Estados Unidos, Reino Unido, China, França, Israel, Índia e Paquistão são considerados potências nucleares. Completam a lista Coreia do Norte e Irã, que sofrem pressões e embargos para que abandonem seus programas. Diferente da época da corrida armamentista, as bombas nucleares atuais são mais "inteligentes". Elas visam alvos estratégicos, com precisão e impacto localizado, o que constituiria um perigo real se caíssem nas mãos de terroristas internacionais. Os testes de armamentos também são mais restritos, para evitar danos ambientais. Os riscos, mais do que uma guerra nuclear, são os acidentes em usinas sucateadas e, principalmente, que países como Irã e Coreia do Norte repassem a tecnologia para grupos extremistas e redes terroristas, como a Al Qaeda. Não se pode esquecer que terroristas existem por todas as partes. Todos os países têm sua Al Qaeda particular. Desde a ETA na Espanha até ao IRA na Irlanda.