Ronald de Carvalho, Jornalista - Instituto Alvaro Valle
O Parlamento chinês elegeu Xi Jinping como novo presidente da China e da Comissão Militar Central, no lugar de Hu Jintao. O novo presidente, que prometeu combater a corrupção e a burocracia, comandará a segunda maior economia mundial e a condução de mais de um bilhão e 300 milhões de chineses. Segundo um correspondente da agência France Press, "como é comum na China, quase nada se conhece da vida pessoal de Xi. Sabe-se que ele gosta de basquete, como Obama, e de filmes de guerra de Hollywood".
Xi Jinping tem 59 anos, é engenheiro químico e estudou na escola de ciências humanas e sociais da Universidade Tsinghua, com especialização em teoria marxista. Integrante da chamada "nobreza vermelha" (seu pai foi homem de confiança e vice-primeiro-ministro de Mao Tsé-tung), ocupou vários cargos oficiais, incluindo secretário do partido em Shangai, até se tornar vice-presidente em 2008. O novo presidente promete manter-se firme no comunismo, destacando que "as novas medidas do governo serão tomadas em respeito aos princípios do Partido Comunista Chinês e do Parlamento".
Mais popular que os jogos de basquete na China, deve ser a mulher de Xi Jinping, a cantora popstar Peng Liyuan. Desde que Xi começou a ser cotado para o cargo, sua mulher tem evitado aparecer em público com o marido ou falar sobre ele. Isso porque, sendo uma estrela da música popular chinesa e que também lidera, como general, a banda do Exército, ela pode ofuscar o marido.
Um comunicado da Casa Branca informou que "o presidente Obama telefonou para o novo presidente da China, para felicitá-lo por seu novo cargo e para discutir o futuro das relações entre EUA e China". Durante a conversa, Obama destacou a "importância de fazer frente a desafios compartilhados", e destacou a ameaça que o programa nuclear e de mísseis da Coreia do Norte representa para os EUA, seus aliados e à região em geral. O presidente destacou a necessidade de uma estreita coordenação com a China para assegurar que a Coreia do Norte cumpra com seus compromissos de desnuclearização. Obama abordou ainda a necessidade de segurança virtual e ressaltou seu firme compromisso com uma maior cooperação prática para enfrentar os problemas econômicos e de segurança mais urgentes da Ásia e do mundo.
Em entrevista ao jornal The Washington Post, o novo presidente afirmou que "o que aconteceu ao longo dos últimos 40 anos nos mostra que uma relação estável entre China e Estados Unidos é crucial para os dois países e para a paz, estabilidade e prosperidade da região da Ásia-Pacífico e do mundo todo".
Na agenda política das novas lideranças chinesas destaca-se uma reavaliação das reformas econômicas iniciadas em 1978 e que transformaram a China na segunda maior economia do mundo. Mas o tamanho continental da população chinesa, de 1,3 bilhão, significa que os problemas que os novos líderes enfrentarão são consideráveis. Analistas ocidentais e chineses dizem que a economia precisa ser novamente ajustada para valorizar mais os consumidores do que os investimentos, muitos dos quais liderados pelo governo e desperdiçados. Huo Deming, economista da Universidade de Pequim, afirma ser "impensável que o setor estatal chinês seja forçado a recuar".
E acrescenta: "As empresas estatais vão se expandir de novo. Os líderes políticos chineses querem que elas compitam com as dos Estados Unidos e de outros países. Então, fortalecê-las é uma obrigação." E prosseguiu: "Hoje as companhias estatais que dominam muitos setores precisam ser abertas para a livre concorrência. O sucesso econômico da China tirou 500 milhões de pessoas da pobreza. Porém, o modelo econômico que funcionou tão bem no início da atual onda de desenvolvimento chinesa agora precisa de mudanças. Em vez de defender esses gigantes estatais, o governo deve dar mais apoio às pequenas e médias empresas, pois elas provavelmente serão as responsáveis no futuro pelo crescimento e pela criação de empregos". O governo chinês diz concordar com esses objetivos, pelo menos em seus pronunciamentos oficiais. O problema é que tem feito pouco para alcançá-los.
Partidários do governo dizem que Pequim acabou se desviando de seus objetivos por causa da crise financeira global, que teria obrigado o país a promover um pacote de estímulo em vez de reformas estruturais. Já os críticos argumentam que o partido Comunista está atado demais a grupos com objetivos escusos, interesses políticos e casos de corrupção para implementar as reformas necessárias. O ponto central da discussão é que o setor estatal da economia produz cerca de 50% do PIB chinês, mas recebe mais de 70% dos empréstimos bancários, com taxas de juros artificialmente baixas.
Analistas ocidentais e chineses dizem que a economia precisa ser novamente ajustada para valorizar mais os consumidores do que os investimentos, muitos dos quais liderados pelo governo e desperdiçados. Companhias estatais que dominam muitos setores precisam ser abertas para a livre concorrência. O sucesso econômico da China tirou 500 milhões de pessoas da pobreza. Porém, o modelo econômico que funcionou tão bem no início da atual onda de desenvolvimento chinesa agora precisa de mudanças.
Uma análise publicada no "The Ecomist" destaca que em vez de defender esses gigantes estatais, o governo deve dar mais apoio às pequenas e médias empresas, pois elas provavelmente serão as responsáveis no futuro pelo crescimento e pela criação de empregos. O governo chinês diz concordar com esses objetivos, pelo menos em seus pronunciamentos oficiais. O problema é que tem feito pouco para alcançá-los.
Partidários do governo dizem que Pequim acabou se desviando de seus objetivos por causa da crise financeira global, que teria obrigado o país a promover um pacote de estímulo em vez de reformas estruturais. Já os críticos argumentam que o partido Comunista está atado demais a grupos com objetivos escusos, interesses políticos e casos de corrupção para implementar as reformas necessárias. O ponto central da discussão é que o setor estatal da economia produz cerca de 50% do PIB chinês, mas recebe mais de 70% dos empréstimos bancários, com taxas de juros artificialmente baixas.