Ronald de Carvalho, Jornalista - Instituto Alvaro Valle
Em 2013 China e EUA disputarão posições estratégicas na Ásia. A Europa seguirá em crise. O presidente Barack Obama pode encerrar o bloqueio de Cuba. E Israel tentará bombardear o Irã. Estas são algumas das previsões feitas por Ignacio Ramonet, um especialista em geopolítica, economia e história da cultura e professor de teoria da comunicação na Universidade Denis Diderot, em Paris.
As projeções de Ramonet, divulgadas recentemente, foram feitas nos primeiros dias do ano, antes do endurecimento da Coréia do Norte com suas ameaças apocalípticas, mas não afastam as possibilidades de conflitos armados. E encontram eco num recente artigo do analista americano Stephen Walt Martin, professor de assuntos internacionais na Universidade de Harvard, quando afirma que os Estados Unidos continuam viciados em guerra, embora sejam liderados por um Prêmio Nobel da Paz. E Walt questiona: "É possível dizer que o atual governo é mais pacífico do que o anterior? E sobretudo: há alguma contradição no fato da primeira república democrática do mundo ter participado de tantas guerras e incursões militares ao longo de sua história? Não, não há contradição. A guerra é uma atividade legítima para os norte-americanos e está enraizada em sua história. A questão não é "se devemos lutar?", mas "que tipo de guerra devemos lutar?".
Na opinião de vários cientistas políticos, o Irã e a saída do Afeganistão serão principais temas que Barak Obama terá que enfrentar no seu segundo mandato. E a crise com as ameaças da Coréia do Norte deverão aumentar a lista de prioridades e urgências. Michael Shifter, presidente do Instituto Diálogo Interamericano, especializado em política de relações exteriores diz que no segundo mandato pode-se ver um Obama mais confiante para enfrentar os desafios da política externa. Para o analista, um dos principais temas deste novo mandato será a briga com o Irã para deter sua operação nuclear. Segundo Shifter, outro tema crucial é a saída do Afeganistão.
Em sua projeção Ignacio Ramonet diz que se contemplarmos um mapa do planeta, imediatamente observaremos vários pontos com luzes vermelhas acesas. Quatro deles apresentam altos níveis de perigo: Europa, América Latina, Oriente Médio e Ásia. O documento prevê que a União Europeia (UE), em 2013, enfrentará seu pior ano desde que começou a crise. A "austeridade" como crença única e os ataques ao Estado de bem-estar social continuarão, porque assim exige a Alemanha que, pela primeira vez na História, domina a Europa e a dirige com mão de ferro. E acrescenta: "Berlim não aceitará nenhuma mudança até as eleições do próximo 22 de setembro, em que a chanceler Angela Merkel poderia obter um terceiro mandato". Um alerta é feito: sem falar dos protestos, que continuam espalhando-se como rastro de gasolina e acabarão por se encontrar com algum fósforo aceso. Podem ocorrer explosões em qualquer uma das sociedades do sul europeu (Grécia, Portugal, Itália, Espanha), exasperadas pelos cortes sociais permanentes. E tudo pode piorar se, além disso, os mercados decidirem voltar-se (como os neoliberais os incitam a fazer) contra a França, do moderadíssimo socialista François Hollande.