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Alvaro Valle
Alvaro Bastos Valle

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INSETOS E LARVAS: O ALMOÇO NA MESA
   
Eva Muller, diretora de Economia e Política Florestal da FAO, o órgão da ONU para a alimentação, com sede em Roma, divulgou um documento segundo o qual os insetos poderão ser a resposta para o futuro na luta contra a fome, "porque representam uma fonte muito importante de comida nutriente". Quanto à rejeição às recomendações, lembra que, "há 20 anos o sushi, peixe cru da culinária japonesa, também era estranho a muitas culturas, mas que hoje é apreciado no mundo inteiro e que isso pode acontecer também com os insetos".

A prática de comer insetos é hoje uma ciência conhecida como "entomofagia" e de acordo com as pesquisas da FAO, dois bilhões de pessoas em culturas tradicionais já consomem várias espécies como ingrediente, mas o potencial de consumo é muito maior. Por nisso o documento propõe a criação de um programa com o objetivo de incentivar sua criação, destacando que hoje eles são consumidos por quase dois bilhões de pessoas, principalmente na Ásia e na África.

O documento é parte de um relatório sobre o potencial dos produtos das florestas, segundo o qual "os insetos são ricos em proteína, cálcio, ferro, zinco e gorduras que fazem bem à saúde existindo um bilhão de espécies conhecidas e somam mais da metade de todos os organismos vivos classificados no planeta". As pesquisas realizadas por um grupo de nutricionistas sustentam "que esses animais poderão ser um poderoso instrumento na luta contra a obesidade. Que são menos dependentes da terra do que a pecuária tradicional. E ainda poluem menos o meio ambiente".

Segundo a nutricionista Lara Natacci, responsável técnica da Dietnet Assessoria Nutricional as proteínas que os insetos contem são nutrientes necessários ao organismo para o crescimento, desenvolvimento e reparação dos tecidos corporais, além de fazer parte de diversas estruturas do organismo, possuindo enzimas, hormônios, fazem transporte de nutrientes e compõem o sistema imunológico.

O consumo de insetos como alimentação já é hoje uma fonte de renda em vários países. Segundo o documento da FAO em aldeias da república de Camarões, na África, se ganha dinheiro vendendo insetos para a alimentação. E na África Austral, a lagarta mopane constitui uma verdadeira indústria. Não existem muitos dados sobre a quantidade apanhadas anualmente ou o que representam nos rendimentos e na alimentação das populações rurais, mas estima-se que todos os anos sejam comercializados centenas de toneladas e exportadas a partir do Botswana.

O etnoecologista Rob Toms e a sua equipa do Museu do Transvaal realizou um estudo, constatando que a maioria das pessoas, incluindo professores de Biologia, sabia pouco sobre o seu ciclo de vida. E destaca: "Como todas as coisas boas, se nada for feito tudo poderá acabar em breve, pois as lagartas têm sido sobre exploradas e em algumas zonas da África do Sul, já se encontram praticamente extintas".





   
 
 
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