Ronald de Carvalho, Jornalista - Instituto Alvaro Valle
Os recentes ataques terroristas contra militares em Londres e Paris, por fundamentalistas islâmicos e que redundaram na morte de um soldado, reacenderam o debate em torno do enclave mulçumano na Europa. Segundo observadores internacionais, à medida que a população muçulmana cresce, grupos de lobby estão também exercendo significante influência na política europeia para o Oriente Médio, resultando em um notável endurecimento europeias para com Israel.
Um dos últimos levantamentos realizados pelo Instituto Alemão Central Institute Islam Archive, o número total de muçulmanos na Europa excluindo a Turquia, era de cerca de 53 milhões (7,2%). E na União Europeia era de cerca de 16 milhões (3,2%).
O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados estima que 70% da população da Albânia, 91% do Kosovo, e 30% da Macedônia são muçulmanas. Em países como a Turquia e o Azerbaijão a população muçulmana é de 99% e 93% respectivamente. Os muçulmanos também formam cerca de um sexto da população do Montenegro. Na Rússia, Moscou é o lar de cerca de 1,5 milhões de islamitas. A população muçulmana é extremamente diversificada, com histórias e origens variadas. Hoje, as regiões de maioria muçulmana são a Albânia, Kosovo, partes da Bósnia e Herzegovina, e algumas regiões da Rússia, principalmente no Norte do Cáucaso e na região do Volga. A região de predominância muçulmana de Sandzak Novi Pazar, é dividida entre a Sérvia e Montenegro, consistindo predominantemente de europeus cuja fé muçulmana data de várias centenas de anos. O documento destaca que a população muçulmana na Europa Ocidental é composta principalmente de povos que chegaram ao continente europeu a partir de todo o mundo muçulmano, durante ou após a década de 1950.
O relatório acrescenta que poucos europeus gostam de falar sobre a crescente influência do lobby europeu, uma conglomeração de centenas de organizações políticas e religiosas muçulmanas - muitas das quais são experientes mídias porta-vozes para o islã militante, que abertamente persegue agendas ante europeias, ante ocidentais e antissemitas, e geralmente recebem apoio financeiro de países fundamentalistas islâmicos, como a Arábia Saudita.
Em uma Europa onde o islamismo é a religião que mais cresce e onde o número de muçulmanos triplicou nos últimos 30 anos e está se tornando cada vez mais agressivo e hábil em pressionar políticos para implementar políticas pro-islâmicas, especialmente aquelas que institucionalizam a lei da sharia (conjunto de leis e recomendações tiradas do Al Corão), os críticos dizem que os grupos de lobby estão, de fato, transformando a sociedade europeia de formas inimagináveis há poucos anos atrás.
Há uma clara intenção de muçulmanizar toda a Europa.
Segundo os observadores internacionais, alguns dos mais ativos grupos estão localizados no Reino Unido, que abriga as maiores comunidades muçulmanas na Europa, incluindo organizações tais como o Conselho Muçulmano da Grã-Bretanha (MCB), maior organização com cerca de 500 organizações afiliadas, nacionais, regionais e locais, mesquitas, centros de caridade e escolas. Recentemente o governo britânico reconheceu a lei islâmica e deu a tribunais da plenos poderes para julgar em casos civis muçulmanos. Os críticos destacam que o governo quietamente sancionou os poderes de juízes da sharia para julgar em casos variando de divórcio e disputas financeiras àqueles envolvendo violência doméstica. E que, embora o MCB se apresente como um órgão islâmico moderado, seus afiliados simpatizam e possuem ligações com movimentos islamitas no mundo muçulmano, particularmente o Irmandade Muçulmana e o Jammat-e-Islami, um partido paquistanês radical comprometido com o estabelecimento de um estado islâmico no Paquistão governado pela lei da sharia.
Para esses críticos, longe de promover o islamismo moderado, o real objetivo do MCB, é ajudar muçulmanos na Grã-Bretanha se tornarem mais radicais em suas crenças. Entre outras posições, o movimento acredita que a morte é a penalidade apropriada para apostasia e homossexualismo.
Na França, que tem a segunda maior população do continente depois da Alemanha, muitos grupos de lobby islâmicos estão competindo para representar o estimado de 4,1 milhões de muçulmanos do país. O Conselho Francês da Fé Muçulmana (CFCM) serve como o interlocutor oficial com o estado francês na regulação de atividades religiosas muçulmanas, e como tal é o representante de fato de todos os muçulmanos franceses perante o governo nacional.
Os grupos de lobby muçulmanos persuadiram o governo alemão a adaptar o sistema de educação secular da Alemanha, que desvincula a religião do Estado para que atenda a preferências islâmicas. E o Ministério de Educação concordou em financiar estudos islâmicos em muitas universidades estatais para treinar líderes de oração muçulmanos e professores religiosos.
A ministra da educação, Annette Schavan, explicou: "Nós queremos que tantos imãs quanto possíveis sejam educados na Alemanha. Imãs são construtores de ponte entre suas congregações e as comunidades em que suas mesquitas se localizam". Em Berlim, o Ministério da Educação, Ciência e Pesquisa recentemente publicou um guia chamado "Islã e a Escola", que dá a professores conselhos práticos em como evitar ofender estudantes muçulmanos.
Uma pesquisa feita pela Universidade de Bielefeld, mostra que mais de 50% dos alemães igualam as políticas de Israel para os palestinos com tratamento nazista dos judeus, e que 68% dos alemães dizem que Israel está empreendendo uma "guerra de extermínio" contra o povo palestino. Segundo a pesquisa, "em termos da Europa como um todo, uma pesquisa oficial da UE mostra que a maioria dos europeus considera Israel como a maior ameaça à paz mundial". E na Escandinávia, o Conselho Muçulmano da Suécia, uma organização de grupos islâmicos no país, está pressionando o governo sueco a implementar legislação especial para muçulmanos, que incluem o direito a feriados islâmicos específicos, financiamento público especial para a construção de mesquitas, que todos os divórcios entre casais muçulmanos sejam aprovados por um imã e que deve ser permitido ensinar o Islã nas escolas públicas. Outro relatório elaborado pelo Centro de Monitoramento da UE sobre Racismo e Xenofobia (agora chamado de Agência da União Europeia de Direitos Fundamentais) defende a tese segundo a qual imigrantes muçulmanos são, em grande parte, responsáveis pelo aumento na violência antissemita na Europa.
Segundo a analista Maria João Marques, em entrevista com um dos assessores de imprensa da EU sobre programas de proteção a mulheres em situação de vulnerabilidade, destaca que já houve tribunais alemães que aceitaram que um marido muçulmano pudessem bater na sua mulher, na Europa, devido à sua religião. E já houve propostas para se realizarem excisões do clitóris nos hospitais italianos para minorar os riscos das mulheres que se submetiam a essa prática em Itália. Já tivemos uma absurda proposta para a sharia reger as comunidades muçulmanas britânicas. Os crimes de honra nas comunidades muçulmanas crescem. Notícias de raptos (pelas famílias) de mulheres jovens enviadas de volta aos países de origem para casamentos forçados não são raras. Enfim, as atribulações das muçulmanas na Europa não são desconhecidas.
Os cineastas Eric Kaufmann e Eloise De Vylder produziram um vídeo de sete minutos intitulado "Demografia Muçulmana", que teve um sucesso estrondoso na internet em 2009, com mais de 10 milhões de acessos. Nele são mostradas as baixas taxas de natalidade das populações nativas da Europa e as compara com as altas taxas de fecundidade dos muçulmanos europeus. O vídeo pinta um quatro convincente de uma Reconquista Muçulmana por volta de 2050. E prevê o surgimento de um novo continente: a Eurábia. E cria uma polêmica ao divulgar, a partir de dados parcialmente falsos, que países ocidentais se tornarão repúblicas islâmicas dentro de algumas décadas.
Os ataques terroristas, entretanto tem aumentada a islamofobia, definida como "o sentimento de ódio ou de repúdio em relação aos muçulmanos e ao islamismo em geral. Este tipo de aversão vem acontecendo principalmente nos Estados Unidos, no Canadá, na Europa e em Israel, devido aos atentados terroristas promovidos por organizações fundamentalistas islâmicas, como a Al-Qaeda, o Talibã, o Hezbollah, o Hamas, o Fatah al-Islam, as Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa e a Jihad Islâmica Palestina. Este tipo de discriminação se agravou após os ataques de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos.
De acordo com a Enciclopédia da Raça e Estudos Étnicos, os meios de comunicação social têm sido criticados por perpetrarem islamofobia. A professora inglesa Elizabeth Poole cita um estudo onde, ao analisar uma amostra de artigos na imprensa britânica, conclui que os muçulmanos estavam sub-representados e mostrados sob um foco negativo.
Com base em um relatório do Runnymede Trust, que visa aumentar participação muçulmana nos meios de comunicação e na política, diversas iniciativas vêm surgindo com base nas sessenta recomendações enumeradas Logo após a liberação do relatório, foi criado o Conselho Muçulmano da Grã-Bretanha para servir como uma organização guarda-chuva com o objetivo de "representar os muçulmanos na esfera pública, o lobby no governo e outras instituições." O "Fórum Contra o Racismo e a Islamofobia" (FAIR), também foi criado, destinado a acompanhar a cobertura nos meios de comunicação e estabelecer um diálogo com organizações da mídia.