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Alvaro Valle
Alvaro Bastos Valle

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ESPIONAGEM GERA CRISE NA AMÉRICA
   
Um pedido de asilo recebido e confirmado pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil, feito pelo ex-técnico da CIA Edward Snowden, o homem mais procurado pelos EUA, com pedido de extradição por vazar um programa de vigilância do governo americano, ameaça ampliar a crise diplomática do governo do presidente Barak Obama, acusado de espionar parceiros econômicos na União Europeia. O pedido de extradição foi feito e negado pela Rússia, sob a alegação de que Snowden ainda não deu entrada no país, ficando em uma área do aeroporto de Moscou a espera de carimbar o passaporte.

Nos últimos anos a diplomacia americana tem sofrido vários reveses, com as denúncias de vazamentos de documentos aos grandes jornais do país, que começaram com o soldado Bradley Manning, acusado de ter transferido ao WikiLeaks informações confidenciais sobre as guerras do Iraque e do Afeganistão, contidas em mais de 250.000 documentos do Departamento de Estado, que provocaram a pior ameaça à segurança nacional dos Estados Unidos.

A crise prosseguiu depois que a NBC, citando fontes jurídicas, informou que o general reformado James Cartwright está sendo investigado acusado de divulgar informações sobre um ataque dos EUA e Israel à rede de instalações nucleares do Irã com um vírus de computador chamado Stuxnet. Em junho de 2012, o jornal The New York Times já havia publicado que o general concebeu e dirigiu essa operação cibernética, chamada "Jogos Olímpicos", durante a Presidência de George W. Bush. Segundo o jornal Barack Obama, ordenou um aumento desses sofisticados ataques para sabotar as instalações nucleares do Irã. Segundo o ex-congressista da Califórnia Jane Harman, a última série de ataques cibernéticos americanos contra esse país "pôs temporariamente fora de serviço umas mil centrífugas das 5 mil que o Irã estava utilizando para enriquecer urânio". O vazamento dessa informação "foi muito prejudicial".

Enquanto isto, no campo das relações comerciais, o governo de Obama enfrenta uma crise de confiança de importantes aliados em relação às suas atividades de espionagem. A reação dos países europeus diante da mais recente descoberta sobre o alcance dos programas secretos de vigilância dos EUA indica que a questão não deverá ser esquecida tão rapidamente. Principalmente depois que a revista semanal alemã Der Spiegel informou que a Agência Nacional de Segurança (NSA, sigla em inglês) grampeou diplomatas de nações aliadas nos escritórios da União Europeia em Washington, Nova York e Bruxelas.

A reportagem foi parcialmente baseada em uma série de revelações de escutas dos EUA, vazadas pelo ex-funcionário da NSA, Edward Snowden . Segundo a revista a NSA plantou escutas nos escritórios da União Europeia e se infiltrou na rede de computadores do prédio. Teria sido grampeada também a missão da União Europeia nas Nações Unidas em Nova York. A revista também informou que a NSA usou instalações de segurança na sede da OTAN em Bruxelas para conseguir interceptar ligações de autoridades e o tráfego da internet em um escritório da União Europeia nas proximidades. Baseado na publicação o presidente da França, François Hollande, exigiu que os EUA suspendessem imediatamente seu suposto monitoramento por meio de escutas dos diplomatas da União Europeia e sugeriu que o escândalo da vigilância americana poderia fazer desandar negociações de livre comércio no valor de bilhões de dólares.

Segundo o "Washington Post" e o "Guardian" a Agência Nacional de Segurança dos EUA e o FBI têm acesso aos servidores de nove gigantes da internet, como Microsoft, Yahoo!, Google e Face book, As comunicações via Skype podem, inclusive, ser acessadas diretamente. O jornal foi contatado por um antigo agente dos serviços de informações, que lhe forneceu documentação, entre os quais uma apresentação em "PowerPoint" usada na formação de agentes, descrevendo a parceria entre a Agência Nacional de Segurança (NSA) e as empresas da internet.

O programa secreto, com o nome de código PRISM, está em vigor desde 2007 e permite à NSA ligar-se aos servidores das empresas para consultar informações sobre os usuários, o que leva os críticos a acreditar que os que estão no estrangeiro também são monitorados, tudo sem qualquer autorização judicial. A lei dos EUA protege os seus cidadãos de uma vigilância feita sem autorização, mas as pessoas fora do território norte-americano não são beneficiadas desta proteção, o que permite a espionagem em bases legais.

Skype, AOL, YouTube, Apple e PalTalk participam também no sistema. Dropbox deverá ser contatado em breve, segundo o "Guardian", que informa ainda que a NSA pode consultar "as mensagens eletrônicas, discussões por vídeo e áudio, os vídeos e as fotografias". Mas o Presidente norte-americano, Barack Obama, assegurou que "os serviços de informações não vigiam as mensagens de correio eletrônicos dos cidadãos europeus ou norte-americanos e prometeu desclassificar parte do programa de vigilância de comunicações PRISM".

Obama, que falava numa conferência de imprensa após um encontro, em Berlim, com a chanceler Angela Merkel, defendeu o programa de intercessão de comunicações telefónicas e via internet da Agência Nacional de Segurança (NSA), cuja revelação provocou polémica nos Estados Unidos e na Europa. O Presidente norte-americano defendeu que se conseguiu o «equilíbrio adequado» entre segurança nacional e liberdades civis e privacidade, mas prometeu desclassificar parte do PRISM para melhorar a transparência do programa e tranquilizar a população.



   
 
 
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