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Alvaro Valle
Alvaro Bastos Valle

Patrono
SNOWDEN É MORTO E VIVO
   
O especialista francês em espionagem Sebastien Laurent, analisando a situação do americano Edward Snowden, cuja extradição é pedida por seu país e que está há mais de duas semanas na área de trânsito de um aeroporto de Moscou, foi categórico ao afirmar: "Snowden é um homem morto, no sentido figurado da palavra. Diante da gravidade do que fez, jamais encontrará um refúgio seguro".

Segundo o analista o americano enfrentará uma série de problemas logísticos se quiser deixar a Rússia e se refugiar em um dos países que lhe ofereceram residência, entre os quais Venezuela, Nicarágua e Bolívia. Em Cuba, depois de se manter até então à margem do conflito, o presidente Raul Castro elogiou os governos que ofereceram asilo político ao americano e condenou Portugal, França, Itália e França que fecharam seu espaço aéreo ao avião do presidente boliviano Evo Morales, que havia ido a Moscou na esperança de resgatar Snowden. Mas não disse que atitude adotará se o fugitivo americano chegar ao aeroporto de Havana.

Para os analistas internacionais o americano vive hoje um pesadelo logístico para deixar Moscou, embora várias nações latino-americanas já tenham lhe oferecido asilo. Mesmo assim o clima com relação sua saída é de incerteza para as autoridades russas, que buscam para ele um destino viável legalmente. As informações iniciais diziam que ele deveria pegar um avião no dia 24 de junho do aeroporto de Moscou para Havana, o que não ocorreu, embora os motivos ainda não sejam claros. Segundo analistas, é provável que as autoridades russas não tenham permitido que subisse a bordo deste voo porque não tinha nenhum documento legal, depois que Washington revogou seu passaporte.

Também é pouco provável que o fugitivo deixe Moscou a bordo do avião de um presidente ou com uma delegação estrangeira, já que estes voos saem e chegam de outro aeroporto, o de Vnukovo, localizado no outro extremo da cidade.E mesmo que diplomatas latino-americanos concedam ao fugitivo documentos para viajar, seus problemas não estariam resolvidos. Todos os voos de Moscou a Cuba sobrevoam o espaço aéreo europeu. E os analistas são unânimes em afirmar que o mais provável é que aconteça com o avião que transportar o americano o mesmo ocorrido com a aeronave de Morales, obrigada a pousar em Viena. Desde que deixou Hon Kong com destino a Moscou, onde primeiro se refugiou depois de sair do Havai, Washington solicitou que Rússia o entregasse, embora os dois países não tenham acordo de extradição. O presidente russo, Vladimir Putin, rejeitou o pedido e sugeriu, em troca, que Snowden decida rapidamente para onde quer ir. Mas suas opções de deixar o aeroporto moscovita são limitadas.

Na Alemanha a revista "Der Spiegel" provocou um grande mal estar ao publicar uma entrevista com Edward Snowden, onde denunciou que os serviços de inteligência daquele país sabiam do programa de espionagem em massa dos Estados Unidos, mas não informavam de seus detalhes às autoridades políticas. Segundo Snowden "a Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA) estava conchavada com os alemães e os serviços secretos alemães não só se beneficiaram da informação obtida do programa Prism, que pôs Washington em evidência em nível internacional e estremeceu suas relações com muitos de seus aliado mas se preocuparam com que os detalhes de sua obtenção não transcendessem o âmbito político". A divulgação do programa de espionagem americano incomodou visivelmente o governo alemão, que considerou que uma ação assim entre "sócios e amigos é inaceitável, já que a Guerra Fria acabou".

Enquanto isso o presidente Barack Obama não decidiu se vai indiciar Snowden por vazar segredos sobre um programa de vigilância, "cujo objetivo seria proteger o país das ameaças terroristas". Diante da comoção mundial a respeito dos programas que rastreiam mensagens telefônicas e de Internet em todo o mundo, o Departamento de Justiça investiga se o vazamento foi um crime. Até porque Snowden também tem sido o foco de várias campanhas de suporte on-line. A petição solicitando ao presidente Barack Obama para perdoar Snowden por quaisquer crimes que tenham cometido coletou 63 mil assinaturas no site da Casa Branca desde que foi postado por um leitor recentemente. E o governo analisa e responde a qualquer petição que reúne mais de 100 mil assinaturas.

Uma pesquisa realizada pela agência internacional Reuters e o instituto de pesquisas socioeconômicas Ipsos, revelaram que cerca de 23 por cento dos cidadão americanos disseram que Edward Snowden é um traidor, enquanto 31 por cento que ele é um patriota. Outros 46 por cento disseram que não sabiam. Na mesma pesquisa 35 por cento dos entrevistados disseram que Snowden não deve enfrentar acusações, enquanto 25 por cento afirmaram que ele deveria ser processado em toda a extensão da lei. Outros 40 por cento disseram que não sabiam.



   
 
 
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