Alvaro Bastos Valle Patrono
PARADOXOS (NEM TODOS) DO SISTEMA CARCERÁRIO BRASILEIRO       No país que não tem dinheiro pra nada, um assassino serial custa R$3500 por mês na penitenciária. Tem professor que não ganha a metade disso na escola pública. Pra fechar essa conta, tem de tirar o reincidente de circulação. Pelo direito a vida, tem que ter pena de morte! Enquanto tem professor que ganha menos de R$2000, o bandido na cadeia custa R$3500 para não fazer nada por mês. Numa matemática simples, se o bandido trabalhasse pra pagar a diária na cadeia, sobrava mais dinheiro pra segurança e educação! Sem trabalho, a cadeia segue como a universidade do crime. Basta checar os números oficiais ou ler o noticiário. E o resultado é simples: de cada 10 preso que cumprem pena e ganho a liberdade, sete voltam pra cadeia para cumprir pena pela ocorrência de um crime mais grave. Esse é mais um aterrador dado estatístico, para uma das maiores populações penitenciárias do mundo. Mas é ainda mais grave para a vida das pessoas do lado de fora da cadeia. Esse bandido, que custa R$3500 por mês na cadeia, muitas vezes entra na cadeia por causa de um inocente flagrante de droga para consumo. E acaba aprendendo a viver matando e estuprando. Pra fechar essa conta, tem de tirar o reincidente de circulação e liberar da cadeia os milhares que se amontoam masmorras à espera de uma decisão do STF sobre os presos por flagrantes por porte de drogas. Só para efeito de referência, a liberdade dos primeiros 20 mil presos por consumo de droga representará uma economia de R$ 70 milhões por mês ao país. Estes viciados, futuros bandidos, pagam o preço de uma cadeia em celas superlotaras e insalubres, justamente porque já levavam uma vida encarcerada pelo vício que o país não foi capaz de impedir o tratar. Está claro que a recuperação não é a marca do sistema carcerário brasileiro. Tão claro quanto o tamanho do obscuro rombo que ele causa nas contas públicas.