O gestor público tende a achar que os aspectos emocionais do indivíduo não são relevantes para a administração pública. Mas há controvérsias.
Quantos brasileiros não ocupam horas do SUS, supondo-se doentes, quando na verdade estão vivendo problemas emocionais. Existenciais.
O sucesso do rock brasileiro já ensinava que "a gente não quer só comida". Ainda que pareça herético tratar de problemas emocionais de um povo que ainda tem problemas alimentares, é importante não excluir este campo de reflexão.
O físico Yuri Borturokov diz que as pessoas e os problemas existenciais resultam de "um contexto das circunstâncias que, em regra geral, tem dois tipos de agentes objetivos.", define. Segundo Borturokov, eles são opostos e distintos. Um se dedica a arte de encontrar soluções para os problemas. Os novos e os velhos.
O outro, por sua vez, dedica seu tempo a criar problemas. A gerar circunstâncias indesejáveis que precisam de solução para produzir o estado de coisas que permita "desproblematizar" a vida.
O curioso, para não dizer paradoxal, é que o agente que se dedica a circunstanciar problemas, quase sempre, se apresenta mais inventivos e geniais que aqueles que se dedicam a resolver os problemas. Ainda que confessem profunda burrice por criar problemas, manifestam grau elevado de inteligência emocional...
Nada contra as manifestações agudas de inteligência, inventividade, criatividade... Aliás, aqueles que se dedicam a missão de produzir soluções, caminhos alternativos, ou arranjos que minimizam problemas, nem se incomodam com os "problematizadores". Na verdade, sequer se dão conta do antagonismo. E a razão é singela: essas pessoas são vocacionadas. Resolver problemas, para elas, é uma profissão de fé a serviço da harmonia entre os entes... Para elas, não se pode entrar no mérito, não há inclinação confessada para identificar se a origem do problema é natural ou artificial, leia-se, fabricada (pelos "problematizadores").
Idiossincrasias, vaidades, birra mesmo e similares constam da motivação recorrente daqueles que criam problemas onde a rigor eles não existem. Mas isso não é relevante para o ser humano que aceita missão de, recorrentemente, solucionar problemas por desprezá-los... A missão é desviar deles é proteger o meio dessas ervas daninhas. Ironicamente, por outro lado, são justamente aqueles que se dedicaram a criar problemas os maiores prejudicados com sua obra nefasta... Afinal quem joga fora o tempo com atividades infrutíferas, são justamente aqueles que criam os problemas, constrangimentos, belicosides, beligerâncias, e outras implicâncias gratuitas similares.
É uma pena... Isto porque só no final eles (os "problematizadores") se dão conta de que perderam uma grande oportunidade da vida para o gozo das soluções que já estavam prontas e colocados diante de suas existências.